Comportamento,  Saúde

Dor de ouvido: Mitos e verdades sobre otite

Quem possui um animalzinho de estimação, provavelmente já observou com incômodo na região da orelha. Às vezes ele balança a cabeça para sacudi-las; às vezes ele esfrega a cabeça em travesseiros ou até mesmo em nossas pernas; e muitas vezes ele coça pra valer com suas patinhas! Quando temos mais de um pet em casa, também podemos observar o hábito de um lamber a orelha do outro. Estatisticamente cerca de 20% dos cães são acometidos pelas otites, e cerca de 10% dos gatos.

Otite é o nome popular dado à inflamação do ouvido, que pode ser associada ou não de infecção. E dependendo de qual região do ouvido atingir e o tempo do processo inflamatório e/ou infeccioso instalado, pode ter diversas classificações e possibilidades terapêuticas. Inicialmente devemos compreender que a otite é um sinal clínico e não um diagnóstico, portanto devemos entender que é necessário descobrir a causa.

As campeãs suposições de causas de otites, que terminaram se tornando um grande mito, são de que normalmente os animais desenvolvem otite devido ao resquício de água durante os banhos (a não ser que se direcione jatos de água no ouvido de um animal), ou de que a causa foi a exposição ao vento, durante passeios de carro, na praia, ou durante a secagem dos pelos, ou de que animais nadadores vão desenvolver otite. Para compreendermos que se tratam de mitos, basta entendermos que os animais (assim como nós) possuem um organismo anatomicamente e fisiologicamente eficiente em relação ao nosso contato com a natureza. Um ouvido saudável e funcional possui mecanismos de autolimpeza e defesa constantes, que são responsáveis pela manutenção do equilíbrio do órgão.

 

Seu pet pode até ter tido como causa de otite o banho e tosa, mas não devido à água no ouvido, porém muito mais provavelmente por depilar ou limpar de forma errada o ouvido. Por isso, por favor minha gente, não peçam para limpar exageradamente e depilar os pelos dos ouvidos dos animaizinhos de vocês nos salões de estética!!! Além de estarem retirando uma barreira fisiológica e orgânica, importante para a manutenção da saúde do ouvido deles, essas recomendações podem dar início a um processo inflamatório, que pode levar à coceira, que pode levar a infecções secundárias… e assim temos uma otite iniciada!

A limpeza da orelha saudável deve restringir-se à limpeza do pavilhão auricular (parte externa do ouvido, e deve ser feita somente com algodão ou gaze no seu dedo – pode usar ceruminolítico, mas somente na parte externa do ouvido – jamais enfie pinças, cotonetes, produtos ou quaisquer outros objetos no ouvido de um animal). Não depile o ouvido! Devemos retirar pelos excedentes da região do pavilhão auricular, mas não devemos mexer nos pelos da entrada do conduto auditivo, a não ser sob recomendação veterinária! Somente quando o ouvido está “doente” são recomendadas limpezas mais profundas e depilações, com produtos específicos. Até mesmo a utilização de um “simples” ceruminolítico no conduto auditivo (sem necessidade) pode causar alterações, ou alergias e desencadear otite.

Outra coisa que devemos compreender é que preservando a saúde do ouvido, segundo as recomendações que já fizemos quanto à limpeza e depilação, a principal causa das otites são os problemas dermatológicos, afinal o ouvido dos animais possui tecido cutâneo similar ao corpóreo até a membrana do tímpano. Por isso, caso seu animalzinho sofra de otites esporádicas ou recorrentes, se atente inicialmente ao excesso de limpeza e depilação, e ao mesmo tempo busque um veterinário dermatólogo, pois várias podem ser as causas primárias, como a presença de ectoparasitas (ácaros, pulgas, carrapatos…), alergias, hipersensibilidade alimentar, corpo estranho, neoplasias, dentre outras afecções que possuem sintomas cutâneos.

Dicas importantes para evitarmos OTITES em CÃES E GATOS:
– A limpeza de um ouvido saudável deve se restringir ao pavilhão auricular (parte externa da orelha);
– Não enfie pinça ou qualquer outro objeto no ouvido do animal. A limpeza deve ser feita com gaze ou algodão e com o seu dedo;
– Não se depila os pelos dos ouvidos dos animais;
– Não se coloca nenhum tipo de pó ou outro produto no ouvido de um pet, a não ser sob recomendação veterinária;
– Ao dar banho no seu animal, evite colocar algodão nos ouvidos para evitar a entrada de água (pode encharcar durante o banho e ter efeito contrário);
– Converse com os profissionais do salão de estética que seu pet frequenta, compreenda como eles procedem com os cuidados com o ouvido. Observe se há acompanhamento veterinário constante;
– Ao molhar a cabeça de um animal, sempre direcione a água por cima e por trás da cabeça, desta forma evitamos direcionar a água para o interior do ouvido;
– Observe o comportamento do seu animal. Ele está agressivo? Desconfiado? Está com a cabeça inclinada? Está andando em círculos? Tem dificuldade de equilibrar-se? Lembre-se que o ouvido também é responsável pelo equilíbrio do organismo;
– Se seu pet possui otite, provavelmente ele possui uma dermatopatia (“problema de pele”) associada, procure um médico veterinário dermatólogo.

Fonte: Portal AZ

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